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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Transexuais são os mais perseguidos, diz primeiro transhomem brasileiro

Lara Haje
15/5/2012

O primeiro transsexual masculino brasileiro (transhomem), João Nery, afirmou há pouco que os transexuais são o segmento mais perseguido da sociedade. Nery, que foi submetido à cirurgia que o transformou de mulher em homem, contou sua experiência no 9º Seminário Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), organizado pelas Comissões de Direitos Humanos e Minorias e Educação e Cultura.

Segundo Nery, ele nasceu com corpo de menina, mas sempre se sentiu menino. Era chamado de “Maria Homem”, entre outros apelidos pejorativos, e foi reduzindo o seu convívio social por conta dos insultos. Conforme ele, a inadequação entre sua identidade de gênero e seu corpo biológico cresceu na adolescência. “Eu era um ET”, disse. Aos 27 anos, ele se submeteu a uma cirurgia clandestina de mudança de sexo. A operação ocorreu em 1977, 20 anos antes de esse tipo de cirurgia ser legalizado no País. Desde 1998, o procedimento pode ser feito por meio do Sistema Único da Saúde (SUS).

Depois que mudou de sexo, Nery alterou o nome, mas perdeu toda a sua histórica pregressa, inclusive a comprovação de escolaridade. Psicóloga e professora quando mulher, agora ele é considerado analfabeto e tem dificuldades de sobrevivência. A história foi relatada por Nery no livro “Viagem Solitária – memórias de um transsexual 30 anos depois”.

Sexualidade na infância

De acordo com a pesquisadora do Instituto de Bióetica, Direitos Humanos e Gênero (Anis), Tatiana Lionço, não existem crianças gays, lésbicas ou transsexuais. Segundo ela, é o olhar adulto que classifica de “homossexual” ou “transsexual”, por exemplo, as práticas infantis de conhecer seus corpos e de brincar de se vestir com roupas femininas ou masculinas. Tatiana explica que o adulto é que faz com que um menino se sinta inadequado, por exemplo, ao brincar de boneca. “As crianças têm sua criatividade tolhida, em suas brincadeiras e seu modo de ser, pelo medo irracional dos adultos”, disse. “É assim que se ensina a homofobia”, complementou. “Deixem as crianças brincarem em paz”, apelou.

Para a pesquisadora, a sexualidade na infância – atividade por meio da qual crianças exploraram seus corpos na busca pelo prazer e por meio da qual descobrem sua identidade – deve ser reconhecida, mas isso não pode ser desculpa para abusos por parte de adultos. “Discutir a sexualidade na infância não significa ser conivente com a pedofilia”, explicou. Tatiana ressaltou que a escola tem a obrigação por lei, desde 1997, de promover a discussão da sexualidade em sala de aula. “A escola e as famílias têm que ensinar as crianças a amar, a respeitar e a valorizar a diversidade”, afirmou.

Disponível em <http://correiodobrasil.com.br/transexuais-sao-os-mais-perseguidos-diz-primeiro-transhomem-brasileiro/452545/>. Acesso em 23 mai 2012.